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Impressoras tridimensionais trazem nova era de estudos

Centro Integrado de Manufatura Aditiva será inaugurado para alavancar tecnologias da indústria de petróleo e gás.

Por Sidney Coutinho – Fonte: www.ufrj

Em evento restrito a apenas oito pessoas e seguindo todos os protocolos de segurança contra a Covid-19, a reitora da UFRJ, Denise Carvalho, participará no dia 3/3, às 10 horas, da inauguração do Centro Integrado de Manufatura Aditiva (Cimad) do Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos (Nidf). Duas recém-adquiridas impressoras tridimensionais funcionarão no local e serão capazes de confeccionar, em polímeros e ligas metálicas especiais, objetos em escala real para o estudo de equipamentos utilizados na extração de óleo e gás. Além de o desenvolvimento de tecnologias na área ser uma conquista para o país, as impressoras poderão trazer vantagens a outras áreas de estudo da Universidade.

De acordo com Átila Freire, diretor do Nidf, ambas representam enormes vantagens para várias áreas do conhecimento, como Medicina, Desenho Industrial, Arquitetura, Belas-Artes, Física, Matemática e modalidades de Engenharia. A aquisição das impressoras e a construção de um local apropriado à alocação das máquinas onde serão realizados os estudos custaram em torno de R$ 10,6 milhões, financiados pela Petrobras. “A ideia primordial é atender as demandas dos nossos parceiros tecnológicos, com prioridade do financiador. Mas pretendemos conservar a interlocução aberta com todas as áreas do conhecimento com vistas à maximização dos benefícios obtidos”, afirmou ele, que fez questão de frisar que apenas quatro representantes da UFRJ e quatro da Petrobras estarão na inauguração.

As duas impressoras adquiridas são a Objet1000, da Stratasys, e a Studio System, da Desktop Metal, que possuem características importantes. A primeira tem volume de impressão de 1000x800x500 mm, possibilidade de utilização de 14 materiais diferentes e tecnologia de impressão por jatos múltiplos, o que dobra a velocidade de produção em relação a outros processos clássicos. A criação de peças transparentes possibilitará, por exemplo, enxergar o escoamento de fluidos no interior delas e verificar os pontos críticos de erosão. “A outra impressora permite a confecção de objetos com diferentes ligas metálicas e a realização de ensaios específicos em alta pressão em condições próximas às encontradas na indústria do petróleo”, explicou Freire.

Pesquisas evitarão desastres ambientais

Após a perfuração de um poço para acesso ao reservatório de óleo e gás, toda uma rede de conexões é estruturada até as unidades de produção de petróleo, em um processo denominado completação. Um reservatório pode ser explorado pelo período de cinco anos a um século, mas a média fica em torno de 20 anos. Ao longo desse tempo, as condições de escoamento de fluidos (no caso, óleo e gás) variam e há desgastes nos materiais que compõem os equipamentos instalados. Os estudos que serão desenvolvidos no Cimad visam criar, por exemplo, equipamentos específicos: as válvulas de completação inteligente, capazes de se adaptar a condições diversas e funcionando com alta eficiência.

Para Freire, realizar ensaios em laboratório, em escala real e condições controladas, é uma conquista. “Essas válvulas de completação inteligente custam milhões de reais, possuem geometria de difícil interpretação (de como efetivamente funcionam) e projeto totalmente opaco aos usuários. A possibilidade de fabricá-las, entender a dinâmica de seu funcionamento, com suas vantagens e limitações, oferece às operadoras uma capacidade de melhoria de projeto e barganha de conhecimento que hoje não existe. Essas válvulas são verdadeiras caixas-pretas, ficando as operadoras à mercê das informações fornecidas apenas pelos próprios fabricantes”, esclareceu o diretor no Nidf.

Do ponto de vista de Freire, os ensaios ajudam a identificar os pontos de fragilidade dos projetos originais, induzindo aperfeiçoamentos e mudanças que podem contribuir para um produto muito melhor. Outra grande vantagem nas pesquisas sobre a erosão é a prevenção de acidentes ambientais severos. “Danos provocados em equipamentos submersos podem dar origem a vazamentos sérios e descontrolados, difíceis de serem detectados e, acima de tudo, corrigidos. Um vazamento não adequadamente detectado pode provocar perdas e danos ao meio ambiente por anos a fio, sem que nenhuma providência seja tomada”, destacou.

Nidf quer ampliar parcerias industriais, acadêmicas e científicas com o Cimad

Com um corpo docente eclético, formado por pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da Escola Politécnica e dos Institutos de Física e Matemática, o Nidf é uma unidade da UFRJ que atua em áreas diversas, que geram conhecimento tecnológico, incluindo o desenvolvimento de equipamentos que possibilitarão novos saberes. Com longa tradição na execução de projetos de interesse da indústria, o núcleo possui parceiros importantes, destacando-se a Petrobras, a Shell, a GALP e a Equinor.

Em condições muito próximas das reais, em tubulações com diâmetros grandes e vazões elevadas, nos laboratórios do Nidf são desenvolvidas pesquisas sobre temas atuais e desafiadores para a indústria de óleo e gás, principalmente em operações que envolvam condições extremas de alta pressão e temperatura, como, por exemplo, os fenômenos de incrustação inorgânica em equipamentos, de escoamentos de óleo com altos teores de CO2 em estado supercrítico, de erosão provocada pelo impacto de partículas sólidas e de separação de sistemas fluidos tetrafásicos.

Segundo Freire, o Nidf está dotado de um excelente parque de instrumentos, que permitem desenvolver simuladores físicos próprios e projetar equipamentos com finalidades específicas, pesquisando a complexidade de fenômenos. “As propriedades físicas e químicas dos fluidos e das superfícies que os envolvem também podem ser facilmente determinadas no Nidf através de reômetros, densímetros, microscópios eletrônicos, difratômetros de raio X, analisadores de partículas e outros instrumentos. Ao longo dos últimos 25 anos, o Nidf desenvolveu uma capacidade interna importante de conceber e fabricar seus simuladores físicos a partir de seus próprios recursos humanos e materiais”, informou o diretor do núcleo.

Com os investimentos nos últimos dois anos para a compra e instalação de impressoras 3D em resina e metálica, será possível aumentar a capacidade do Nidf de fabricar os próprios simuladores físicos, sejam eles em resina transparente ou colorida, sejam em metal. “Com as novas instalações, o Nidf espera dar um salto de qualidade nas atividades de fabricação voltadas para o abastecimento de suas necessidades internas, mas estamos certos de que novas oportunidades, geradas por novos interesses, aparecerão naturalmente. Aplicações em Medicina, Biologia, Desenho Industrial, Arquitetura, Belas-Artes, Física, Matemática e Engenharia poderão ser atendidas pelo complexo de fabricação que se inicia, com perspectivas muito positivas”, concluiu Freire.

Experimentos mostram como manchas de óleo estão se espalhando pelo Nordeste

Testes feitos na UFRJ com óleo compatível com o da Venezuela mostram que boa parte das manchas não chega a boiar na superfície, mas também não afunda – fica à mercê da corrente.

De onde vêm essas manchas que poluem o litoral do Nordeste? Como pode, em alto-mar, tudo estar aparentemente normal, mas nos mangues e nas praias, o impacto ser tão grande?

Que manchas misteriosas são essas que nem afundam nem boiam? Para explicar, o Núcleo de Dinâmica dos Fluidos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) montou vários experimentos: primeiro com uma mistura à base de água, especialmente preparada pra reproduzir as variações da densidade da água do oceano.

Para fazer a simulação de um vazamento, foi usado um tipo de óleo pesado, compatível com o tipo que é produzido na Venezuela. Boa parte das manchas não chega a boiar na superfície, mas também não afunda. Fica lá, à mercê da corrente de água no canal. Sob a ação das correntes, o óleo vai se deslocando até chegar às praias, quando já é tarde demais.

Assista ao vídeo para ver a matéria completa gravada pelo Fantástico no Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos:

Pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos realizaram um experimento com óleo compatível com o da Venezuela e mostram que boa parte das manchas não chega a boiar na superfície, mas também não afunda – fica à mercê da corrente.